No início de um Novo Ano renascem os sonhos, renovam-se as promessas e a vontade premente de dar mais e maior sentido à nossa existência. Fazem-se brindes, selam-se pactos e trocam-se ilusões.
No entanto, as alegrias e quimeras não são perenes e rapidamente somos assaltados por medos, contrariedades, desilusões, perdas e o cansaço acaba por nos dominar, impedindo o nosso empenho na concretização de todos os sonhos, que um dia ousámos sonhar. E uma voz ecoa na nossa mente questionando-nos se valerá a pena sonhar a vida?
Embora possamos viver situações de desânimo, a fé, fortalece-nos e ajuda-nos a não perder o sentido da vida. Vivendo na fé e na caridade temos a certeza de que nenhum obstáculo nos poderá retirar o optimismo e a alegria. Vivendo na esperança adquirimos o alento necessário para continuar a redigir a história, no livro da nossa vida. É certo que não basta ser sonhador, mas não há satisfação numa vida sem sonho. O verdadeiro valor da vida só existe se encaminharmos todas as nossas forças para usufruir de todo o bem que Deus nos dá, em cada novo amanhecer.
Neste novo ano vamos registar, em cada folha em branco, desse nosso livro, as nossas conquistas e sucessos, mas também as nossas derrotas e desilusões, pois só assim, através da comparação, seremos capazes de nos surpreender e de nos superar. Só assim podemos ter a certeza de que tudo é bênção e tudo nos é oferecido gratuitamente. Só assim, mesmo que as nossas narrações sejam feitas de rascunhos e borrões, reconhecemos que não deixam de ter a sua beleza e a sua importância.
Em cada ano, em cada dia, em cada momento, é fundamental viver a realidade sem deixar de sonhar a vida e assim poder vivê-la com mais sentido e qualidade. Neste novo ano saibamos, em cada dia, garantir a esperança da Ressurreição, manter viva a presença de Deus através da oração e ser construtor de Paz.
Em 2004, durante a homilia da celebração do Dia Mundial da Paz, João Paulo II disse: «Proclamar a paz é anunciar a Cristo que é “nossa paz” (Ef. 2, 14) e anunciar o seu Evangelho que é “o Evangelho da paz” (Ef. 6, 15), exortando todos à bem-aventurança de ser “construtores da paz”».
Também Bento XVI, na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz, disse-nos este ano: “Uma sociedade reconciliada com Deus está mais perto da paz, que não é simples ausência de guerra, nem mero fruto do predomínio militar ou económico, e menos ainda de astúcias enganadoras ou de hábeis manipulações. Pelo contrário, a paz é o resultado de um processo de purificação e elevação cultural, moral e espiritual de cada pessoa e povo, no qual a dignidade humana é plenamente respeitada. Convido todos aqueles que desejam tornar-se obreiros de paz e sobretudo os jovens a prestarem ouvidos à própria voz interior, para encontrar em Deus a referência estável para a conquista de uma liberdade autêntica, a força inesgotável para orientar o mundo com um espírito novo, capaz de não repetir os erros do passado”.
Neste Novo Ano, com o coração em Paz, vamos sonhar a vida, não apenas passando ao seu lado ou deixando que passe ao nosso lado, mas agarrando-a e vivendo-a com qualidade.
S.S.
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