"O Senhor é a minha luz e a minha salvação." Sl 26(27)
Estamos no segundo domingo da Quaresma e hoje o Evangelho fala-nos da Transfiguração
do Senhor, um episódio que foi profundamente marcante na vida dos seus
seguidores!
Gosto especialmente deste Evangelho porque tem tanto de misterioso como de
belo! Encanta-me poder imaginar a Luz que se expandiu pelo Céu e em redor do
monte, onde Jesus se encontrava para rezar…sim, gosto muito, mas sinto-me, também, muito interpelada por ele! E hoje, depois de o meditar, dei comigo a pensar em como é
que é possível que, no nosso dia-a-dia, possamos ter atitudes tão contraditórias! Sim,
contraditórias mesmo!!! Por um lado, apregoamos a nossa fé e o nosso amor a
Deus e, por outro, pactuamos com comentários e críticas sobre o que lemos e
ouvimos os outros dizerem… é verdade… estou a referir-me às notícias que temos ouvido
nestes dois, ou três, últimos dias…! Lemos e ouvimos, mas não presenciamos, contudo, temos que ter sempre uma palavra sobre o assunto e, na
maioria das vezes, nem sequer é a mais adequada!
Tenho o coração apertado com tanta notícia triste e desagradável! É verdade
que o que vamos ouvindo dói profundamente! Olho para o Santo Padre e condoo-me
ainda mais! Meu Deus, como é possível tanta violência?! Sinto que tudo isto é uma violência!...
De repente paro
e penso…meu Deus! E Tu como estás? Como Te sentes? Tu, o Todo Poderoso, como
permites?
Tento encontrar uma resposta…mas não é fácil! Debruço-me sobre a primeira leitura
(Gn 15, 5-12.17-18) e percebo como Deus ficou deveras agradado com Abraão, ao perceber
a total confiança n’Ele e a entrega absoluta à Sua Palavra!
Passo para a segunda leitura (Fl 3, 20-4, 1) e leio: “Sede todos meus imitadores, irmãos, e olhai atentamente para
aqueles que procedem conforme o modelo que tendes em nós. É que muitos - de quem várias vezes vos falei e agora até
falo a chorar - são, no seu procedimento, inimigos da cruz de Cristo: o seu fim é a perdição, o seu Deus é o ventre, e gloriam-se
da sua vergonha - esses que estão presos às coisas da terra.” (Fl 3, 17-19)
Depois disto, será preciso dizer mais alguma coisa? Eu fico esclarecida…Deus
fala-me e eu escuto-O e entendo-O, sem qualquer dificuldade…! E tu?
Volto atrás…ao Evangelho! O que acontece com Pedro, Tiago e João? Estão os
três junto de Jesus e desfrutam da Sua amizade de forma especial! Detenho-me em Pedro e pergunto-me: como reagiu ele àquele momento? Ficou, sem dúvida, deslumbrado…fascinado…mas não percebeu a mensagem! Alegrou-se
e, num desejo de eternizar um momento, passageiro, propôs que se fizessem três
tendas…mas Deus chama-o à atenção dizendo-lhe que escute o que o Seu Filho tem
a dizer!
E nós, não seremos como Pedro? Será que conseguimos perceber que o que mais necessitamos na nossa vida é
ouvir Jesus?
Estamos na Quaresma, é fundamental deixarmos de viver na ambiguidade da possibilidade
do bem e do mal! É importante perceber quais são as verdadeiras dificuldades na
renúncia e na penitência. O que distingue o autêntico do supérfluo! O que
devemos estabelecer como prioridade e o que é secundário! Enfim, assumir quem é o Absoluto
da nossa vida!
Tudo o que sou e o que tenho, a forma como me relaciono com os outros,
aquilo que sou no mais íntimo do meu ser…tudo…mas tudo mesmo, só tem valor se
for vivido na medida em que me relaciono com Cristo!
Assim, o meu caminho é o caminho da Cruz! E é esse Caminho que eu quero
continuar a fazer com Jesus!
S.S.
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