Na mensagem para a Quaresma 2013, D. Manuel Felício escreve:
“A Quaresma é, em cada ano, um apelo especial feito a todos os
cristãos e comunidades cristãs para progredirem na renovação da Fé. É
mesmo muitas vezes apresentado este tempo santo como sendo o grande
retiro do Povo de Deus, preparatório da celebração da Páscoa, em que
somos convidados a renovar as nossas promessas baptismais, na Noite
Pascal.
A Fé constitui para nós, antes de mais nada, abertura do coração a
Deus, à revelação do Seu amor verdadeiramente apaixonado e gratuito, na
Pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. E sabemos que este amor de Deus, na
medida em que o deixamos entrar na nossa vida, faz de nós criaturas
novas, invadidas pelo amor de Cristo e, por ele, mobilizadas para o amor
dos irmãos. A experiência do Apóstolo Paulo, quando diz na Carta aos
Gálatas “já não sou que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gal. 2,20)
inspira-nos a viver a verdadeira conversão que há-de marcar o ritmo da
nossa quaresma em Ano da Fé. De facto, precisamos de desimpedir todos os
caminhos para deixar que Ele viva em nós e nos leve a amar como Ele
amou. Por isso, a Fé que professamos e celebramos e que alimenta a nossa
vida de oração leva-nos a viver como verdadeiros discípulos de Cristo.
Não se pode viver a relação com Deus à margem das suas implicações na
vida da relação com os outros e em sociedade. Sobre a coerência entre a
Fé e a moral, ou seja entre a relação com Deus e a relação com os
irmãos, diz o Papa Bento XVI: “A existência cristã consiste num contínuo
subir ao monte do encontro com Deus e depois voltar a descer, trazendo o
amor e força que daí derivam para servir os nossos irmãos e irmãs com o
próprio amor de Deus” (Mensagem de Bento XVI para esta Quaresma).
Contemplação e acção completam-se e exigem-se, assim, mutuamente em
todo o processo do nosso verdadeiro crescimento, onde a relação com Deus
é decisiva e a partir dela ganha nova qualidade e novo sentido a
relação com os outros e comunitária. De facto o vertical da relação com
Deus dá novo sentido e nova profundidade ao horizontal da relação com os
outros, no amor. Por outras palavras, a verdadeira Fé desabrocha
necessariamente em gestos de Caridade.
Dar passos para que a nossa Fé produza abundantes frutos de Caridade é
o grande apelo desta Quaresma. E a renúncia quaresmal, que mais uma vez
propomos e este ano queremos orientar para fortalecer o nosso Fundo
Diocesano de Solidariedade Inter-eclesial, é forma que oferecemos a
todos os fiéis e comunidades cristãs para darem cumprimento a esta
relação entre Fé e Caridade.
Com este Fundo Diocesano de Solidariedade Inter-eclesial pretendemos,
por um lado, criar condições materiais para ir em auxílio de paróquias e
outras instituições da nossa Diocese que se apresentam com manifestas
carências; por outro, dispor de meios para dar resposta a necessidades
várias de fora da nossa Diocese sobre as quais nos chegam constantemente
notícias e pedidos. Ao constituir este Fundo Diocesano de Solidariedade
Inter-eclesial pretendemos que o aprofundamento da Fé para que a
Quaresma nos convoca possa traduzir-se em gestos concretos de comunhão
desejados pelo próprio Jesus Cristo”.
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