"TERNURA E BONDADE NÃO SÃO SINAIS DE FRAQUEZA E DESESPERO, MAS SIM MANIFESTAÇÕES DE FORÇA E RESOLUÇÃO".

domingo, 25 de março de 2012

Viver a Quaresma

5ª Semana 25 a 31 de Março

Desde o início que o Evangelho de João, aponta para o momento simultâneo da glorificação de Jesus e do Pai. Este ponto culminante é a manifestação do amor fiel de Deus, concretizado em Jesus que entrega a Sua vida para nos salvar.  
Hoje, na sua homilia, o Pe. Henrique deixou-nos muitas pistas para vivermos esta derradeira semana de conversão e de preparação para grande Festa e, por isso, aqui a reproduzo praticamente na íntegra.


 “Nós queríamos ver Jesus, disseram os Gregos, que estavam em Jerusalém por ocasião da festa no Templo. Certamente já teriam ouvido falar neste nome e esta figura despertava neles curiosidade e desejo de o conhecer pessoalmente. Por isso servem-se de Filipe e André para serem seus intermediários e os conduzirem ao encontro do Senhor. Eles cumprem a sua missão e ensinam-nos que, através das nossas boas obras devemos conduzir os outros ao encontro com Jesus. Jesus não se apresenta formalmente, ou melhor, apresenta-se, anunciando a sua missão, o essencial: veio para salvar, dar a vida eterna; é como o grão de trigo que ao cair na terra deve morrer para produzir fruto!
E nós queremos ver Jesus?
Com toda a certeza que o facto de estarmos aqui é sinal de que O queremos ver. Acredito que a nossa vinda tenha esse objectivo. Portanto, a verdadeira questão está em saber os motivos que aqui nos trouxeram a ver Jesus.
Porque queremos ver Jesus? Para quê? O que nos trouxe aqui? Qual o motivo que nos anima a querer ver Jesus? Uma festa? A nossa vida não anda bem e precisamos de ajuda? Estamos doentes e necessitamos de uma graça especial? Procuramos um milagre? Qual é o motivo deste nosso desejo de O querermos ver?
Não é aqui que encontramos a solução para os nossos problemas, esses temos que os resolver nós próprios. Aqui vimos buscar a força que nos ajuda a resolvê-los, mas acima de tudo o que vimos aqui buscar é o Amor de Deus e, consequentemente, a vida eterna. Vimos buscar aquilo que não está nas nossas mãos, o resto podemos resolver nós, mas não podemos resolver a questão da morte, que apenas pode ser resolvida por Jesus Cristo, que já a resolveu, como afirmava no Domingo passado no diálogo com Nicodemos «Deus amou tanto o mundo que lhe deu o Seu próprio Filho para que todo aquele que acredita Nele não pereça mas tenha a vida eterna», é que Deus não enviou o seu filho para condenar o mundo mas para que o mundo seja salvo por ele!
A vida eterna só Deus no-la pode conceder, ninguém neste mundo no-la dá. Vimos buscar Jesus Cristo pela verdadeira razão e a verdadeira razão é encontrar Nele a salvação, a vida eterna, a vida que não tem fim. Mas para isso precisamos, como Jesus, de morrer, literalmente, antes de mais, já que a vida deve seguir o seu curso natural. Cristo não altera a ordem natural da vida, concede-nos a vida eterna que só podemos alcançar em plenitude depois de termos passado por estes momentos. Como tal, este é apenas mais um momento da nossa vida que devemos encarar com toda a naturalidade, como S. Francisco de Assis que falava da morte como a Irmã morte. Para nós hoje seria impensável falar assim deste momento, aliás, preferimos não nos lembrar dele, porque temos medo. A razão está no facto de nos encontrarmos demasiado materializados e termos absolutizado as coisas efémeras e limitadas deste mundo.
Temo que estejamos a esquecer o mais importante e a depositar demasiadas confianças no contingente. Por isso o Senhor nos dizia: «Quem ama a sua vida, perdê-la-á, e quem despreza a sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna.» Nós, porém, invertemos as coisas e estamos demasiado materializados e vemos essa materialização porque, nas nossas preferências, Deus não ocupa o primeiro lugar e a Eucaristia, a Oração e a Reconciliação não estão no centro da nossa vida. Temos sempre muitas outras prioridades e deixamos escapar o essencial. A vida neste mundo é apenas uma passagem. Não existem paraísos terrenos, o que existe é que, perante os supostos paraísos as consequências têm sido as guerras, a fome, as injustiças.
Provavelmente ainda não entendemos o verdadeiro sentido da nossa vida e vivemos como se este mundo fosse absoluto e nós fossemos deuses absolutos.
Temo que hoje muitos dos seres humanos estejam a perder a vida verdadeira ao viverem quase em exclusividade para as coisas deste mundo. Jesus veio livrar-nos da morte eterna! Mas para que isso se torne possível é necessário todos os dias morrermos para aquilo que não é importante. Damos pouca importância à vida espiritual e perdemo-nos no acessório. Também aqui temos de morrer como o grão de trigo para tantas coisas que temos como muito importantes e afinal não passam de realidades secundárias, meras preocupações terrenas.
A vida é efémera, não a absolutizemos, as coisas são passageiras, não nos entreguemos a elas como se fossem eternas. De que adianta passearmo-nos com os nossos orgulhos, as nossas importâncias, as nossas rivalidades, as nossas indiferenças… tudo isso desaparece!
Só podemos produzir frutos se morrermos para tantas coisas supérfluas… Para sermos verdadeiramente felizes temos que deixar que Jesus entre na nossa vida e no nosso coração. Só assim poderemos transformar o mundo num mundo melhor e dar importância às coisas com a importância que elas têm.
O problema é que acreditamos mais em nós do que em Deus, por isso não conhecemos a verdadeira essência do Seu Amor.
Tudo há-de desaparecer, a única coisa que permanece é Deus e a vida eterna! ”  (Pe. Henrique Santos  –  extrato oral de homilia 25/03/2012)

Proposta:

1. Encontrar um espaço discreto e tranquilo onde se possa fazer silêncio, aí será o lugar onde, nos predispomos a Morrer como o grão de trigo.
2. Invocar o Espírito Santo para nos ajudar a entrar em contacto com Deus.
3. Fazer um exame de consciência e perceber se de facto consigo morrer para as coisas materiais e lhes passo a dar o valor que elas realmente têm.
4. Pedir a Deus que me ajude a compreender a verdadeira essência do Seu Amor e a morrer para conseguir a vida eterna.
5. Durante a semana esforçar-me por morrer para tudo o que me afasta do caminho da Salvação.
S.S.

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