Com o Domingo de Ramos chegamos à Semana Santa, durante a qual somos todos
interpelados a meditar na Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus que, ao
entregar, voluntariamente, a Sua vida, revela-nos o grande Amor divino e
liberta-nos das amarras do egoísmo e do cativeiro do pecado. Este dia
representa a entrada de toda a vida cristã e ajuda-nos a viver o mistério da
Paixão e Morte de Cristo!
Na liturgia
da Palavra de hoje estes três textos marcaram-me de forma mais profunda:
«Mestre, repreende os teus discípulos». Mas Jesus respondeu: «Eu vos digo:
se eles se calarem, gritarão as pedras.»
“O Senhor deu-me a graça de falar como um
discípulo, para que eu saiba dizer uma palavra de alento aos que andam
abatidos. O Senhor Deus abriu-me os ouvidos e eu não resisti nem recuei um
passo.”
“Assumindo a condição de servo, tornou-Se
semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais,
obedecendo até à morte e morte de cruz.”
Jesus
desafia-nos a reforçar a nossa fé e a renovarmos o nosso coração. Aconselha-nos
a ser verdadeiros discípulos e a percorrer os Seus caminhos, ainda que estes
sejam tortuosos e cheios de obstáculos! Nada nos pode deter, nada nos pode
desviar!
Como verdadeiros
discípulos devemos acompanhar Jesus e carregar, com Ele, a Sua Cruz! Como
verdadeiros discípulos devemos trocar a crítica pelo elogio, a inveja pelo
desapego, a mentira pela verdade, a injúria pela rectidão, a maldade pela
generosidade, a maledicência pela caridade! Como verdadeiros discípulos é necessário escutar o que Deus nos diz
sem resistências e sem recuos. Primeiro é necessário escutar para que depois se
possa levar ao mundo a Boa Nova...é assim que a nossa fé é alimentada!
O discípulo sabe” dizer uma palavra de alento aos que andam
abatidos”.
S. Lucas na
descrição da Paixão de Cristo dá ênfase a quatro momentos: a Última Ceia, a
Agonia, o Julgamento e a Condenação e a Crucifixão!
Jesus fala
da Sua morte, da traição, isola-se para pedir ao Pai que o livre da agonia e,
em todos estes momentos, sente-se infinitamente só! Este sentimento é claro na descrição do
evangelista, durante a Ceia, quando nos diz que, enquanto Jesus fala da Sua morte, os
discípulos discutem sobre quem entre eles é o maior e quando se encontra no
Horto, os amigos entram num sono profundo! A partir deste momento é preso, acusado, condenado e, finalmente,
crucificado!
Sem dúvida que só quem ama verdadeiramente é capaz de tal prova! Será que conseguimos avaliar, correcta e conscientemente, o sofrimento de Jesus?
Somos
discípulos, sabemos que Cristo morre na cruz para nos salvar e é este o Amor total
e absoluto de Deus para com cada um de nós. É na cruz que Jesus assume todo o
sofrimento e fá-lo por cada um de nós! É na cruz que Ele assume a dor da
crítica, da injustiça, da mentira, da rejeição! É na cruz que Jesus se
torna solidário com cada um de nós! É na cruz que, em silêncio, nos mostra o derradeiro momento
de uma vida feita de dom e de graça para nos salvar. Cristo veio para nos
redimir do nosso pecado que torna o Seu sofrimento ainda mais profundo.
E nós, discípulos, como vamos viver esta semana? Vamos querer saber quem entre
nós é o maior ou ainda dormir indiferentes à agonia que Jesus, em breve, irá viver?
Façamos
silêncio e invoquemos o Espírito Santo pedindo-Lhe que nos ajude a entrar em
contacto com Deus para que possamos despertar para o verdadeiro motivo da cruz,
para tudo o que nos aproxima do caminho da Salvação.
S.S