Estava aqui pensando nos velhos tempo de escola...será que velhos é palavra correcta?
Bem, talvez velhos não serão já que tempos de escola são sempre tempos presentes, pelo menos no livro da nossa memória e o presente não é velho! Ou será?!
Mas hoje esses tempos parecem tão distantes...não havia telemóveis, mas conseguíamos comunicar uns com os outros na perfeição...podia não ser naquele preciso instante, mas era na altura certa e tudo se fazia e conseguia com tranquilidade.
Estava aqui a pensar nos velhos tempos de escola...
Que diferentes que nós éramos, como eram também diferentes os nossos sonhos, as nossas ambições, as nossas perspectivas em relação ao futuro...que diferentes éramos!
Estava aqui a pensar...e veio-me à memória aquela aula de Língua Portuguesa...o professor chamava-se Guilherme e era um apaixonado por basquetebol...era não apenas o Professor, mas o amigo! De repente, recordo-me de um poema, que declamei e me proporcionou uma nota excelente e, ainda hoje, consigo saber de cor...
Que maravilha ter um professor que ensina, nos velhos tempos de escola e se mantém presente até hoje!
"No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado —
Duas, de lado a lado —,
Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem! que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
"O menino da sua mãe".
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço... Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
"Que volte cedo, e bem!"
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto, e apodrece,
O menino da sua mãe."
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado —
Duas, de lado a lado —,
Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem! que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
"O menino da sua mãe".
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço... Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
"Que volte cedo, e bem!"
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto, e apodrece,
O menino da sua mãe."
(Fernando Pessoa)
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