"TERNURA E BONDADE NÃO SÃO SINAIS DE FRAQUEZA E DESESPERO, MAS SIM MANIFESTAÇÕES DE FORÇA E RESOLUÇÃO".

domingo, 24 de março de 2013

Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonaste



Com o Domingo de Ramos chegamos à Semana Santa, durante a qual somos todos interpelados a meditar na Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus que, ao entregar, voluntariamente, a Sua vida, revela-nos o grande Amor divino e liberta-nos das amarras do egoísmo e do cativeiro do pecado. Este dia representa a entrada de toda a vida cristã e ajuda-nos a viver o mistério da Paixão e Morte de Cristo!

Na liturgia da Palavra de hoje estes três textos marcaram-me de forma mais profunda:

«Mestre, repreende os teus discípulos». Mas Jesus respondeu: «Eu vos digo: se eles se calarem, gritarão as pedras.»

O Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo, para que eu saiba dizer uma palavra de alento aos que andam abatidos. O Senhor Deus abriu-me os ouvidos e eu não resisti nem recuei um passo.

Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz.”

Jesus desafia-nos a reforçar a nossa fé e a renovarmos o nosso coração. Aconselha-nos a ser verdadeiros discípulos e a percorrer os Seus caminhos, ainda que estes sejam tortuosos e cheios de obstáculos! Nada nos pode deter, nada nos pode desviar!

Como verdadeiros discípulos devemos acompanhar Jesus e carregar, com Ele, a Sua Cruz! Como verdadeiros discípulos devemos trocar a crítica pelo elogio, a inveja pelo desapego, a mentira pela verdade, a injúria pela rectidão, a maldade pela generosidade, a maledicência pela caridade! Como verdadeiros discípulos é necessário escutar o que Deus nos diz sem resistências e sem recuos. Primeiro é necessário escutar para que depois se possa levar ao mundo a Boa Nova...é assim que a nossa fé é alimentada!

O discípulo sabe” dizer uma palavra de alento aos que andam abatidos”.  
  
S. Lucas na descrição da Paixão de Cristo dá ênfase a quatro momentos: a Última Ceia, a Agonia, o Julgamento e a Condenação e a Crucifixão!

Jesus fala da Sua morte, da traição, isola-se para pedir ao Pai que o livre da agonia e, em todos estes momentos, sente-se infinitamente só! Este sentimento é claro na descrição do evangelista, durante a Ceia, quando nos diz que, enquanto Jesus fala da Sua morte, os discípulos discutem sobre quem entre eles é o maior e quando se encontra no Horto, os amigos entram num sono profundo! A partir deste momento é preso, acusado, condenado e, finalmente, crucificado! 

Sem dúvida que só quem ama verdadeiramente é capaz de tal prova! Será que conseguimos avaliar, correcta e conscientemente, o sofrimento de Jesus?

Somos discípulos, sabemos que Cristo morre na cruz para nos salvar e é este o Amor total e absoluto de Deus para com cada um de nós. É na cruz que Jesus assume todo o sofrimento e fá-lo por cada um de nós! É na cruz que Ele assume a dor da crítica, da injustiça, da mentira, da rejeição! É na cruz que Jesus se torna solidário com cada um de nós! É na cruz que, em silêncio, nos mostra o derradeiro momento de uma vida feita de dom e de graça para nos salvar. Cristo veio para nos redimir do nosso pecado que torna o Seu sofrimento ainda mais profundo. 

E nós, discípulos, como vamos viver esta semana? Vamos querer saber quem entre nós é o maior ou ainda dormir indiferentes à agonia que Jesus, em breve, irá viver?

Façamos silêncio e invoquemos o Espírito Santo pedindo-Lhe que nos ajude a entrar em contacto com Deus para que possamos despertar para o verdadeiro motivo da cruz, para tudo o que nos aproxima do caminho da Salvação.
S.S



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